Alexander Ermochenko/Reuters – 26.05.2022
As buscas dos brasileiros na internet por informações sobre a Rússia e a Ucrânia despencaram desde o primeiro dia da invasão russa, em 24 de fevereiro, até este mês, quando a guerra completa quatro meses nesta sexta-feira (24), de acordo com dados do Google Trends.
Na comparação entre a primeira semana da guerra, de 24 de fevereiro até 2 de março, com a primeira semana do mês de junho, do dia 4 a 10, as buscas por Ucrânia e Rússia foram 36 vezes (-97%) e 29 vezes (-96%) menores, respectivamente.
Apesar do conflito armado já ter deixado 4.662 civis mortos e 5.803 feridos, além de 7,7 milhões de refugiados, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o interesse pela guerra não acompanha a gravidade da situação.
Na primeira semana da invasão, entre 24 de fevereiro e 2 de março, as buscas dos brasileiros por Ucrânia e Rússia bateram o recorde da série histórica do Google Trends, iniciada em 2004. A procura aumentou 16 vezes (+1.500%) e 10 vezes (+910%), respectivamente, na comparação com a semana anterior ao início da guerra.
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Durante os primeiros dias do conflito, mais de 660 mil pessoas saíram da Ucrânia para buscar refúgio em países vizinhos, segundo a ONU. O ritmo de saída foi muito intenso, atingindo a marca de 2 milhões de refugiados em 7 de março, somente 12 dias após o início da invasão.
O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) indica que a Polônia, Romênia, Hungria, Eslováquia e Moldávia são os principais destinos dos refugiados.
FADEL SENNA / AFP
Nesse mesmo contexto, no quarto dia de guerra, o presidente russo Vladimir Putin ordenou que o Exército do país colocasse as forças nucleares em alerta, o que deixou o mundo em grande alerta diante da ameaça de um conflito nuclear e do início de uma “Terceira Guerra Mundial”.
Com isso, o mês de Fevereiro de 2022 teve 134 vezes mais buscas (+13.330%) pela Ucrânia e 18 vezes mais (+1.720%) pela Rússia em relação a fevereiro de 2021.
Além disso, o período entre os dias 1º de janeiro e 31 de maio registrou alta de 4.100% na procura por informações sobre a Ucrânia e 470% e sobre Rússia em comparação com o mesmo período do ano passado.
Henry Nicholls/Reuters – 27.03.2022
Entretanto, após atingir o pico na primeira semana de guerra, o interesse sobre o assunto continua caindo com o passar do tempo.
O especialista Igor Lucena, doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa e membro do Royal Institute of International Affairs, explica que “como o Brasil está longe da Ucrânia e as Forças Armadas do país não desenvolvem um grande papel no conflito, houve essa diminuição de buscas.”
“Estamos nos aproximando do período de eleições e enfrentando uma inflação muito grande, por isso os brasileiros focam muito mais sua atenção nos problemas internos do pais”, ressalta.
Mas o especialista acredita que se o conflito se escalar para outros países da Europa, trazendo novas consequências, poderia ocorrer a volta de um grande interesse sobre a situação.
Na última quinta-feira (23), os membros da União Europeia decidiram conceder à Ucrânia a condição de país candidato ao bloco, enquanto a Rússia intensifica seus ataques na parte leste do país, principalmente na região separatista do Donbass.