Estudantes cariocas arrecadam R$ 29 mil e instalam painéis solares em escola pública do Pará

Estudantes do Rio de Janeiro instalam painéis solares em escola municipal no Pará

Estudantes do Rio de Janeiro instalam painéis solares em escola municipal no Pará
Divulgação

Os estudantes do Colégio Santo Inácio, localizado no Rio de Janeiro, arrecadaram R$ 29 mil em recursos para instalarem painéis solares na Escola Municipal Nossa Senhora de Fátima, a quatro horas de barco do centro de Santarém, no Pará.

A ação solidária permitiu a instalação de um sistema solar fotovoltaico, que beneficiou cerca de 140 pessoas, com idades de 5 a 18 anos, do povo ribeirinho. Ao todo 20 estudantes do colégio privado participaram da ação que durou 10 dias na região norte do país. Os jovens retornaram na última sexta-feira (17).

O sistema solar, permite o fornecimento regular para o acionamento de iluminação, freezer, bebedouro, TV e projetor da escola — de forma sustentável, renovável e limpa.

A assessora de projetos sociais e voluntariado da escola do Rio, Juliana Lima, conta que a iniciativa faz parte do Projeto Arapiuns, da instituição, que desenvolve ações de voluntariado educativo e ecoturismo na Comunidade de Anã, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, às margens do Rio Arapiuns, onde fica a escola municipal.

“O projeto com das placas solares foi apresentado pela própria escola do Pará, como uma demanda, uma necessidade deles naquele momento e foi uma oportunidade para a comunidade ribeirinha de ter energia”, comenta.

Ainda de acordo com a coordenadora do projeto, antes a escola estava funcionando sem energia porque o gerador havia quebrado, mas não tinha verba pública para o conserto.

Jovens mostram sistema instalado do painel solar

Jovens mostram sistema instalado do painel solar
Divulgação

Além da instalação das placas, os estudantes participaram de oficinas sobre energias, solo e a vegetação amazônica. “Todo o conhecimento adquirido por representantes a frente do projeto, também foi repassado aos alunos do ensino fundamental um e dois, e ensino médio da escola municipal, para poderem ser estudiosos de sua própria mata”, explica.

Eduarda Granville, aluna da 3ª série do ensino médio foi uma das jovens que viajou para a região norte do país para o voluntariado. Ela se diz sem palavras para descrever a experiência vivida. “O que nós proporcionamos, em curto período de tempo, é algo básico, mas que transformou a vida dessas pessoas; foi fascinante ter feito parte dessa ação.”

A aluna destaca que “ama participar de ações solidárias e está animada para fazer parte de muitas outras ainda neste ano”. No primeiro dia em Santarém, a jovem lembra de uma cena que a impactou ao ver as crianças nas janelas da escola em busca claridade para ler e escrever no caderno. “São experiências como esta que nos preparam para a vida. É preciso ver e entender outras realidades.”

Alunos também participaram de oficinas sobre energias, solo e vegetação amazônica

Alunos também participaram de oficinas sobre energias, solo e vegetação amazônica
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Para levantar os recursos para a aquisição dos equipamentos, os estudantes cariocas organizaram campanhas de doação do troco da compra na cantina, ações de lanche solidário e até sessões de cinema, com venda de pipoca e brigadeiros. O colégio também contribuiu financeiramente para viabilizar o projeto.  

Para Renata Alves Godinho, diretora da Escola Municipal Nossa Senhora de Fátima, o sentimento é o de gratidão.  “Fiquei muito feliz quando soube que teríamos o apoio dos estudantes para a instalação das placas, ações como esta são de grande importância, um gesto humano e fraterno.”

A diretora lembra dos desafios enfrentados pela escola durante a pandemia do Covid-19 sem energia elétrica. “Foi um período de prejuízos enormes que impactaram a aprendizagem dos alunos. Os professores precisavam dar aulas remotas, mas enfrentaram muitas adversidades e a falta de energia foi uma delas”, diz.

“Não conseguimos dar aulas em tempos de chuvas e temporais. As salas escureciam e os alunos não enxergavam o que estava escrito na lousa”, lembra. Ainda de acordo com a diretora, para os alunos não perderem a matéria, os professores se reinventaram e criaram aulas dinâmicas com jogos lúdicos.

Segundo Renata, foi através de uma conversa informal com uma mediadora do colégio privado, falando sobre os problemas da escola municipal que surgiu a oportunidade de ajuda.

Com a chegada dos painéis solares, o que um dia era desafio, hoje é uma realidade possível. “Temos acesso a rede de internet, uso dos televisores para as aulas e também o uso dos eletrodomésticos para que se possa garantir uma alimentação de qualidade para os estudantes”, conclui.

*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder