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Na Amazônia, fome aumentou em 76% risco de crianças terem Covid

Crianças com maior vulnerabilidade social tiveram ocorrência maior de sintomas

Crianças com maior vulnerabilidade social tiveram ocorrência maior de sintomas
Bárbara Prado/Divulgação

A insegurança alimentar contribui, em muito, para uma criança apresentar sintomas da Covid-19. A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores brasileiros publicado nesta segunda-feira (18/07) na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.

Os resultados foram obtidos no âmbito do “Estudo MINA – materno-infantil no Acre: coorte de nascimentos da Amazônia ocidental brasileira”, realizado desde 2015 no município de Cruzeiro do Sul, no Acre, com apoio da FAPESP.

“Entre as crianças com evidências sorológicas de infecção anterior por SARS-CoV-2, aquelas cujos domicílios passaram fome no mês anterior às entrevistas apresentaram chance de ter Covid-19 76% maior quando comparadas com crianças que não tinham sido expostas à insegurança alimentar”, conta Marly Augusto Cardoso, professora da FSP-USP (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo) e coordenadora do estudo.

Em duas ocasiões, primeiro em janeiro e depois em junho e julho de 2021, foram realizados testes de anticorpos para o SARS-CoV-2 em 660 das 1.246 crianças nascidas em 2015 ou 2016 inicialmente acompanhadas pelo estudo, além de entrevistas com as mães ou cuidadores.

Os pesquisadores perguntaram sobre a presença de sintomas da Covid-19 nas crianças, como tosse, dificuldade para respirar e perda de paladar e olfato. Um questionário definiu ainda ocorrência de insegurança alimentar domiciliar, que indica se a família havia passado fome no mês anterior.

“Normalmente, os adultos priorizam a alimentação das crianças, podendo passar fome para poder alimentar os filhos. Se a criança da casa passou fome é sinal de uma situação muito difícil para a família toda”, explica a pesquisadora.

Mais da metade dos domicílios dos participantes (54%) foi caracterizada em estado de insegurança alimentar. Entre esses, 9,3% reportaram sintomas de Covid-19 em comparação a 4,9% de crianças cujas famílias não relataram insegurança alimentar, o que mostra uma vulnerabilidade 76% maior desse grupo à manifestação clínica da infecção por SARS-CoV-2. A maior ocorrência de infecção mostrou relação ainda com piores condições de moradia, além de menor escolaridade e cor da pele das mães, a maioria não branca.

No total, 297 crianças (45%) tiveram anticorpos para SARS-CoV-2 detectados. Dessas, apenas 11 (3,7%) haviam realizado testes para confirmação da Covid-19 antes do estudo e 48 (16,2%) tiveram sintomas como tosse, dificuldades respiratórias e perda de olfato e paladar. Entre as mais pobres, a presença de sintomas foi maior.

Subnotificação

“Existem estudos mostrando que o status socioeconômico e a nutrição influenciam uma maior ocorrência de doenças infecciosas. Não há dados suficientes ainda para a Covid-19, mas tanto no nosso estudo como em pesquisas realizadas em outros países há evidência de que essa correlação também existe”, diz Cardoso.

O grupo da pesquisadora atualmente analisa amostras da microbiota intestinal de participantes do estudo a fim de fazer correlações entre a alimentação e a ocorrência de doenças, incluindo a Covid-19.

Ainda que quase metade das crianças tenha apresentado anticorpos para o SARS-CoV-2, só 5% das mães reportaram um episódio anterior de Covid-19 nos filhos, sugerindo que oito em cada nove infecções ficaram sem diagnóstico e, portanto, não foram notificadas.

Essa subnotificação, alertam os pesquisadores, tem consequências para a saúde pública, como a falsa percepção de que as crianças são menos suscetíveis à doença. Em outros contextos, por exemplo, a menor ocorrência de quadro clínico da Covid-19 em crianças foi uma justificativa para os pais adiarem ou mesmo recusarem a vacinação dos filhos em idade para serem vacinados.

O fato de serem em grande parte assintomáticas, porém, faz com que crianças e adolescentes sejam transmissores para o resto da família, incluindo pessoas mais suscetíveis a quadros graves, como idosos e pessoas com comorbidades.

No estudo publicado agora, a maioria das crianças infectadas teve parentes com quadros de COVID-19, principalmente as mães. Quando não era a progenitora, pai, irmãos, avós ou vizinhos haviam apresentado sintomas da doença. Em quadros de insegurança alimentar ou quando a mãe era não branca (negra, parda ou indígena), houve maior prevalência da manifestação clínica da doença.

Uma limitação do estudo foi o fato de os participantes desse segmento do MINA que estudou a prevalência do SARS-CoV-2 viverem na área urbana ou em áreas rurais acessíveis. Os pesquisadores acreditam que em localidades mais distantes, com menos acesso a serviços de saúde, é possível que a situação seja ainda pior.

“Na área rural distante é difícil continuar o acompanhamento e perdemos o contato com muitos dos participantes. Isso ocorre também com os mais pobres, mais difíceis de serem localizados porque mudam muito de endereço e mesmo de região. Perdemos contato com mais de 300 crianças ao longo de cinco anos de acompanhamento”, narra Cardoso.

Um dado que chamou a atenção ainda foi a menor manifestação de sintomas nas crianças filhas de mães com mais de 12 anos de escolaridade. A manifestação da Covid-19 foi maior à medida que diminuía o número de anos de educação formal das progenitoras.

“É importante ressaltar que as crianças das famílias mais pobres e aquelas com mães menos instruídas foram significativamente mais propensas a serem soropositivas para o SARS-CoV-2. Isso reflete uma condição socioeconômica melhor do que daquelas que estudaram mais tempo e também um maior acesso a informações e a alternativas de sobrevivência, que se refletem em melhor assistência à saúde dos filhos”, afirma a pesquisadora.

“Observamos isso também nos estudos que realizamos sobre malária, desenvolvimento infantil e estado nutricional. Investir na educação das mães também tem impacto na qualidade de vida das crianças”, encerra.

Saiba como se proteger de tantativas de dopagem em carros de aplicativo

mulheres que sofreram tentativas de dopagem em carros de aplicativo tu00eam se multiplicado, o que acende um alerta sobre a necessidade de proteu00e7u00e3o nesses espau00e7os. Em entrevista recente ao R7, a toxicologista Luciana Toledo, do Ciatox (Centro de Informau00e7u00e3o e Assistu00eancia Toxicolu00f3gica) do Hospital das Clu00ednicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de Su00e3o Paulo), explicou como se proteger nessas situau00e7u00f5es. Veja a seguir 
“,”content”:null,”position”:0},{“width”:1000,”height”:500,”url”:”https://img.r7.com/images/carro-de-aplicativo-uber-23062022141557220″,”author”:”Pexels”,”subtitle”:”Para entender as formas de proteu00e7u00e3o, u00e9 preciso saber como as tentativas de dopagem podem ocorrer. As denu00fancias noticiadas pelo R7 du00e3o conta de que as substu00e2ncias quu00edmicas foram dispersadas dentro do carro por meio do ar-condicionado, de um spray, como se fosse u00e1lcool em gel, e de um pote aberto dentro do veu00edculo
“,”content”:null,”position”:1},{“width”:1000,”height”:600,”url”:”https://img.r7.com/images/substancia-quimica-dopagem-dopar-intoxicacao-20052022120152782″,”author”:”Pixabay”,”subtitle”:”u201cProvavelmente eles estu00e3o utilizando clorofu00f3rmio ou u00e9ter, que su00e3o solventes bem volu00e1teis, ou seja, que passam do estado lu00edquido para o vapor muito ru00e1pido. Entu00e3o pela inalau00e7u00e3o [dessas substu00e2ncias] a passageira pode comeu00e7ar a apresentar, apu00f3s alguns minutos, confusu00e3o mental, tontura e visu00e3o turvau201d, explica a especialista 

“,”content”:null,”position”:2},{“width”:1000,”height”:500,”url”:”https://img.r7.com/images/mascara-pff2-mascara-n95-23062022141712053″,”author”:”Pexels”,”subtitle”:”Use mu00e1scara PFF2 ou N95 ao utilizar carros de aplicativo. Esse tipo de acessu00f3rio de proteu00e7u00e3o ficou amplamente conhecido durante a pandemia de Covid-19 porque consegue filtrar de forma mais efetiva o ar que seru00e1 inalado, o que dificulta a inalau00e7u00e3o de substu00e2ncias tu00f3xicas ou de vu00edrus, por exemplo 

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