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Da invasão da residência oficial à fuga do presidente: entenda as razões do caos no Sri Lanka

O Sri Lanka passa por uma crise econômica e política, que atingiu seu ponto máximo nos últimos dias com a invasão da residência oficial, a promessa de renúncia e a fuga do presidente do país, Gotabaya Rajapaksa

*Estagiária do
R7, sob supervisão de Raphael Hakime

No último sábado (9), manifestantes, que exigiam a renúncia do presidente, invadiram o palácio presidencial, onde permanecem, o que obrigou o chefe de Estado a fugir do local e prometer que deixaria o poder durante a semana

O grupo ainda aproveitou o protesto para usufruir dos privilégios que o chefe do Executivo mantinha. No último domingo (10), milhares de pessoas tiraram fotos do local e usaram a academia, a biblioteca, a piscina e até a cama em que o presidente dormia

Presidente desde 2019, Gotabaya Rajapaksa, de 73 anos, integra o clã que governa a vida política cingalesa há várias décadas

Após a chegada à Presidência, Rajapaksa promoveu significativos cortes de impostos que esvaziaram os cofres públicos, o que deixou o país sem divisas para importar de alimentos a combustíveis

O Sri Lanka, atualmente, atravessa sua pior crise econômica desde a independência do império britânico, ocorrida em 1948. A ONU já advertiu que o país corre o risco de sofrer uma grave crise humanitária e que 75% da população não se alimenta de maneira suficiente

Os 22 milhões de habitantes da ilha enfrentam, há meses, a escassez de alimentos, remédios, cortes de energia elétrica e a falta de combustíveis, somada a uma inflação galopante

Mesmo com a crise econômica, o presidente se recusava a deixar o poder, apesar da onda de violência que deixou vários mortos em maio e que motivou a renúncia do irmão dele, Mahinda Rajapaksa, então primeiro-ministro do país

Rajapaksa disse que apresentaria sua renúncia nesta quarta-feira (13) para garantir uma transição pacífica. A decisão foi confirmada pelo gabinete do atual primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, sem dar mais detalhes

Apesar disso, o chefe de Estado não renunciou e deixou o país na madrugada desta quarta em um avião militar com destino às Maldivas

Horas depois da fuga, manifestantes contrários ao governo do Sri Lanka desafiaram gás lacrimogêneo, canhões de água e a declaração de estado de emergência e invadiram o gabinete do primeiro-ministro. Os manifestantes exigem que Ranil Wickremesinghe renuncie assim como Rajapaksa

A Constituição prevê, em caso de renúncia do presidente, que o primeiro-ministro assuma esse cargo interinamente até a eleição pelo Parlamento de um deputado, que exercerá o poder até ao final do mandato em curso, ou seja, novembro de 2024

O Parlamento do Sri Lanka vai eleger um novo presidente no próximo dia 20 para liderar o país de forma interina. Após uma reunião dos partidos, uma vez formalizada a renúncia de Rajapaksa, a Câmara receberá as nomeações em 19 de julho, e no dia seguinte, um novo presidente será eleito

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