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Aposta para o fim da pandemia, vacinas em spray nasal esbarram na falta de investimentos no Brasil

Vacinas em spray são mais fáceis de adaptar contra variantes, segundo pesquisadores

Vacinas em spray são mais fáceis de adaptar contra variantes, segundo pesquisadores
Pixabay

As vacinas de aplicação intranasal, por meio de spray, são a grande aposta da ciência para barrar não só a infecção, como também a transmissão do coronavírus, além de serem mais fáceis de adaptar às novas variantes que surgem a todo momento, cada vez mais transmissíveis.

Então, o que falta para esse passo importante rumo ao fim da pandemia de Covid-19? Em entrevista ao R7, pesquisadores que trabalham no desenvolvimento de vacinas em spray nasal no Brasil explicam que a principal barreira é a ausência de investimentos.

Coordenador do estudo em andamento no InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), em São Paulo, Jorge Kalil afirma que até mesmo a permanência dos cientistas na pesquisa é dificultada pela falta de verba.

“Para que a gente possa pagar a pessoa para trabalhar, tem que ser em forma de bolsa, valor que é muito baixo, não existe nenhuma garantia de emprego. Então se [o pesquisador] arruma um trabalho que seja com carteira assinada, ele vai embora”, afirma Kalil

Apesar de reconhecer que os recursos disponibilizados pelos centros de tecnologia e inovação foram importantes para sua pesquisa, o coordenador do estudo destaca que não é a regra no país.

“Os recursos do Brasil para pesquisa são pequenos, e também não existe o hábito das indústrias privadas de participar do processo de desenvolvimento [dos estudos]. Normalmente elas pegam alguma coisa que já foi totalmente desenvolvida no exterior”, diz Kalil.

A vacina em spray nasal desenvolvida por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) segue a mesma toada, segundo o professor de bioquímica Dawidson Assis Gomes, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas da instituição.

“A principal dificuldade para o desenvolvimento da nossa vacina tem sido a falta de recursos para um andamento mais rápido. Nosso projeto não teve nenhum financiamento público ou privado até o momento, estamos desenvolvendo nossa tecnologia somente com investimento do próprio laboratório”, afirma Gomes.

A vacina da UFMG ainda se encontra na fase pré-clínica com testes em animais. No caso do imunizante desenvolvido pelo InCor, por outro lado, a pesquisa em animais já foi finalizada, mas não há nenhum apoio industrial para que os insumos sejam fabricados no Brasil e, assim, a vacina passe para a fase de testes em humanos.

Entenda como funcionam as vacinas em spray nasal

As vacinas de aplicação intranasal são vistas como a grande aposta para reforçar a imunização contra a Covid-19 porque atacam o vírus logo na sua principal porta de entrada no corpo: o nariz.

Além disso, o imunizante em spray é capaz de produzir a imunoglobulina A (IgA), anticorpo que desempenha papel importante no combate ao vírus nas mucosas, como a nasal, onde o Sars-Cov-2 pode continuar se replicando e sendo transmitido para mais pessoas mesmo que o indivíduo infectado esteja assintomático. A IgA é pouco produzida nas vacinas injetáveis.

Segundo o professor Dawidson Assis Gomes, as vacinas de aplicação intranasal também têm produção e transporte mais baratos, já que podem ser deslocadas em temperatura ambiente, diferentemente dos imunizantes convencionais, que precisam de refrigeração especial.

“São mais seguras e convenientes de ser administradas. A própria pessoa pode se medicar, como fazemos para aplicação de remédios por spray nasal, como para rinite alérgica ou asma”, destaca o especialista.

Vacinas de aplicação intranasal desenvolvidas no Brasil

A vacina que está sendo desenvolvida na UFGM usa peptídeos sintéticos, que são pequenas partes das proteínas do vírus, para induzir a produção de anticorpos contra o Sars-Cov-2.

“A nossa formulação já leva em consideração as variantes que andam aparecendo. A utilização de peptídeos facilita a adaptação da formulação, caso uma variante escape da proteção vacinal”, afirma o pesquisador.

A tecnologia usada para a produção da vacina é totalmente nacional, o que dispensa a necessidade de importação de materiais e insumos, permitindo a fabricação em larga escala no Brasil.

“O sucesso que estamos tendo até o momento mostra que nossa tecnologia tem um excepcional custo-benefício e que temos uma grande preocupação em desenvolver um produto que possa ser acessível não só para o nosso país, mas também para países de baixa renda”, afirma Gomes.

Já a vacina em spray desenvolvida por cientistas do InCor, sob a coordenação do professor Jorge Kalil, usa a proteína RBD do Sars-Cov-2, diferentemente das vacinas de aplicação intramuscular, que utilizam a proteína Spike.

“O que interessa mesmo para a indução de anticorpos neutralizantes é uma pequena porção da proteína RBD, que é aqui [onde o vírus] se liga no receptor da célula humana para poder penetrar. E todas as variantes de preocupação tiveram mutações na RBD”, explica Kalil.

Além disso, para a elaboração do imunizante foi usado um sistema de bioinformática para selecionar dentro do genoma viral do Sars-Cov-2 36 proteínas capazes de estimular as células T, que são as responsáveis por produzir a resposta celular contra a infecção.

“Com isso fizemos uma proteína híbrida que tem a RBD, mais fragmentos de células que estimulam células T. [Além disso], podemos mudar a RBD de acordo com a variante em circulação, [adaptando a vacina]. Nossa ideia é fazer para as pessoas vacinadas, então servirá com uma dose de reforço no nariz para evitar não só a doença, mas a infecção, ou seja, que o vírus não fique se multiplicando no nariz mesmo que não cause doença”, destaca Kalil.

O principal entrave do estudo neste momento, no entanto, é o acesso à tecnologia usada para produzir a proteína. A equipe está avaliando a compra do serviço no exterior, mas, segundo o pesquisador, há uma sobrecarga mundial nos laboratórios que fazem esse tipo de desenvolvimento.

“Começamos a trabalhar com essa proposta de vacina intranasal já em março de 2020 e sabíamos que não seríamos a primeira vacina [a ser utilizada], porque as grandes companhias tinham se lançado em vacinas usando as plataformas que elas já tinham à disposição”, afirma Kalil.

“,”content”:null,”position”:0},{“width”:750,”height”:500,”url”:”https://img.r7.com/images/vacinacao-gripe-05042022171826768″,”author”:”EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADu00c3O CONTEu00daDO – 5.4.2022″,”subtitle”:”Quem pode se vacinar na rede pu00fablica? 

Nesta primeira fase da campanha, que vai atu00e9 o dia 2 de maio, somente pessoas acima de 60 anos e profissionais da sau00fade podem ser vacinados
“,”content”:null,”position”:1},{“width”:1500,”height”:1000,”url”:”https://img.r7.com/images/vacinacao-gripe-05042022173211169″,”author”:”EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADu00c3O CONTEu00daDO – 5.4.2022″,”subtitle”:”Entre 3 de maio e 3 de junho, a campanha vale para os seguintes grupos: crianu00e7as de 6 meses a menores de 5 anos (4 anos, 11 meses e 29 dias); gestantes e puu00e9rperas; povos indu00edgenas; professores; indivu00edduos com comorbidades ou com deficiu00eancia permanente; integrantes de foru00e7as de seguranu00e7a e salvamento e das Foru00e7as Armadas; caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviu00e1rio de passageiros urbano e de longo curso; trabalhadores portuu00e1rios; funcionu00e1rios do sistema prisional; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas; e a populau00e7u00e3o privada de liberdade
“,”content”:null,”position”:2},{“width”:4000,”height”:2667,”url”:”https://img.r7.com/images/vacinacao-criancas-06042022152852739″,”author”:”DENNY CESARE/Cu00d3DIGO19/ESTADu00c3O CONTEu00daDO – 19.3.2022″,”subtitle”:”Crianu00e7as tu00eam um esquema vacinal diferente?

Em relau00e7u00e3o u00e0s crianu00e7as de 6 meses a 5 anos, o ministu00e9rio esclarece que aquelas que ju00e1 receberam ao menos uma dose de vacina contra a gripe ao longo da vida devem tomar apenas a injeu00e7u00e3o deste ano. As que tomaru00e3o pela primeira vez devem agendar a aplicau00e7u00e3o da segunda dose, que u00e9 dada apu00f3s 30 dias
“,”content”:null,”position”:3},{“width”:1547,”height”:1032,”url”:”https://img.r7.com/images/gripe-05042022171900560″,”author”:”Freepik”,”subtitle”:”Peguei gripe recentemente; devo me vacinar?

Sim. ‘A gripe u00e9 uma doenu00e7a que nu00e3o suscita uma imunidade duradoura, quer seja pelas vacinas, quer seja pela infecu00e7u00e3o natural. Hu00e1 vu00e1rios tipos de vu00edrus, entu00e3o vocu00ea pode ter influenza A H3N2, influenza A H1N2 ou influenza B na mesma estau00e7u00e3o. O fato de ter tido a doenu00e7a nu00e3o quer dizer que nu00e3o hu00e1 necessidade de vacinau00e7u00e3o’, explica o mu00e9dico Renato Kfouri, da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizau00e7u00f5es)
“,”content”:null,”position”:4},{“width”:3000,”height”:2000,”url”:”https://img.r7.com/images/vacinacao-covid-05042022172230752″,”author”:”LUCIANO CLAUDINO/Cu00d3DIGO19/ESTADu00c3O CONTEu00daDO – 26.3.2022″,”subtitle”:”Qual u00e9 a diferenu00e7a entre a vacina aplicada no surto do fim do ano e a de agora?

Muitas pessoas foram vacinadas contra a gripe com os imunizantes que haviam sobrado da campanha de 2021. Todavia, aquela vacina nu00e3o incluu00eda a cepa H3N2 Darwin, que causou o surto entre dezembro e janeiro. Na versu00e3o atualizada de 2022, ela confere mais proteu00e7u00e3o
“,”content”:null,”position”:5},{“width”:750,”height”:476,”url”:”https://img.r7.com/images/vacinacao-idosos-05042022172542341″,”author”:”EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADu00c3O CONTEu00daDO – 4.4.2022″,”subtitle”:”Tomei vacina contra a gripe em dezembro/janeiro. Devo me vacinar agora?

Sim. Justamente pelo fato de conferir uma proteu00e7u00e3o especu00edfica contra a cepa H3N2 Darwin, u00e9 importante a vacinau00e7u00e3o, acrescenta Kfouri.

‘A vacina de 2021, independentemente de quando vocu00ea tomou, u00e9 diferente da vacina deste ano’ 
“,”content”:null,”position”:6},{“width”:3000,”height”:2000,”url”:”https://img.r7.com/images/vacinas-covid-gripe-05042022172148932″,”author”:”ANDRu00c9 RIBEIRO/FUTURA PRESS/ESTADu00c3O CONTEu00daDO – 24.3.2022″,”subtitle”:”Posso tomar a vacina da gripe juntamente com o reforu00e7o da Covid?

Indivu00edduos acima de 12 anos podem tomar as vacinas de gripe e Covid no mesmo momento. A exceu00e7u00e3o su00e3o as crianu00e7as menores de 12 anos, que devem esperar 15 dias entre uma e outra
“,”content”:null,”position”:7},{“width”:1920,”height”:1280,”url”:”https://img.r7.com/images/febre-05042022172802639″,”author”:”Pixabay”,”subtitle”:”Estou com sintomas gripais. Posso me vacinar?

Kfouri diz que apenas pessoas com alguma doenu00e7a que esteja lhes causando febre devem postergar a vacinau00e7u00e3o contra a gripe. ‘Tosse, coriza e outros sintomas sem febre nu00e3o tu00eam problema’
“,”content”:null,”position”:8},{“width”:1500,”height”:998,”url”:”https://img.r7.com/images/vacina-gripe-05042022173303756″,”author”:”EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADu00c3O CONTEu00daDO – 5.4.2022″,”subtitle”:”Pessoas fora dos grupos prioritu00e1rios vu00e3o poder se vacinar no SUS?

Atu00e9 junho, somente pessoas dos grupos prioritu00e1rios podem se vacinar. Algumas prefeituras abrem a vacinau00e7u00e3o para o pu00fablico em geral na metade do ano se hu00e1 vacinas sobrando. Kfouri, todavia, diz que o ideal u00e9 vacinar as pessoas que tu00eam risco de complicau00e7u00f5es.

‘O Brasil comprou 80 milhu00f5es de doses. Obviamente, quem nu00e3o pertence a esses grupos de risco pode e deve se vacinar em clu00ednicas privadas, na sua empresa, onde houver oportunidade. u00c0s vezes, no fim da campanha, para nu00e3o jogar fora, o governo acaba liberando a vacina para todo mundo. O ideal seria que todos esses grupos prioritu00e1rios se vacinassem, para nu00e3o dar o imunizante a quem precisa menos’ 
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A vacina da rede pu00fablica, produzida pelo Instituto Butantan, oferece proteu00e7u00e3o contra tru00eas tipos de vu00edrus da gripe: influenza A (H1N1 e H3N2) e influenza B. A da rede privada u00e9 quadrivalente, tem os dois vu00edrus de influenza A e mais dois de influenza B
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