Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Depois de meses de espera, um painel de especialistas se reunirá nesta quarta-feira (15) para ponderar a recomendação de vacinas contra a Covid-19 para bebês e crianças pequenas, uma etapa crucial para a sua autorização.
Após concluir os ensaios clínicos, os laboratórios Pfizer e Moderna entregaram os resultados das vacinas em crianças de 6 meses a 4 anos para a Pfizer e de 6 meses a 5 anos para a Moderna.
Como em muitos países, essa é a última faixa etária que ainda não tem acesso a essa proteção.
A dose foi adaptada: um quarto da dos adultos para Moderna (25 microgramas, em vez de 100) e um décimo para Pfizer (3 microgramas, ante 30).
O processo de autorização acontecerá em várias etapas. Especialistas independentes são encarregados de revisar todos os dados disponíveis durante debates transmitidos ao vivo pela internet. No fim do dia, votarão se recomendam ou não a autorização dessas vacinas para essa faixa etária.
Em caso de parecer favorável, a agência americana de medicamentos (FDA) poderia conceder sua autorização.
Depois, cerca de 10 milhões de doses seriam enviadas imediatamente para as diferentes regiões do país, que seriam seguidas por mais milhões nas próximas semanas, informou o governo dos EUA.
A vacinação pode começar na semana de 20 de junho, assim que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) derem o aval. Os especialistas dos CDC se reunirão na sexta-feira (17) e no sábado (18).
A principal diferença entre os dois produtos é o número de injeções necessárias para a proteção ideal: a vacina da Moderna continuará sendo administrada em duas doses, como para outras faixas etárias. A Pfizer, em três, devido à baixa dose escolhida para reduzir efeitos colaterais em bebês, como febre.
As duas primeiras doses da Pfizer serão administradas com três semanas de intervalo, e a terceira, oito semanas após a segunda.
As vacinas são seguras e eficazes, de acordo com a FDA, que publicou sua própria análise dos ensaios clínicos na semana passada para fornecer uma base para as discussões dos especialistas.
De acordo com uma estimativa preliminar, a vacina Pfizer-BioNTech tem 80% de eficácia contra as formas sintomáticas da doença. Mas esse número é baseado em um pequeno número de casos positivos, disse a FDA.
A da Moderna demonstrou ser 51% eficaz em bebês de 6 meses a menos de 2 anos e 37% eficaz em crianças de 2 a 5 anos.
Os números são consistentes com a eficácia observada em adultos contra a variante Ômicron, segundo a agência americana. No entanto, a vacina continua protegendo bem contra casos graves de Covid-19.
Alguns pais estão ansiosos pela possibilidade de vacinar seus filhos pequenos, mas outros ainda estão céticos.
De acordo com uma pesquisa da fundação Kaiser Family, desde o início de maio, apenas um em cada cinco pais de uma criança menor de 5 anos (18%) disse que vacinará o mais rápido possível; 38% vão esperar para fazê-lo e os demais se opõem, a menos que seja obrigatório.
As taxas de vacinação são muito mais baixas entre os menores do que entre os adultos. Para aqueles com idade entre 5 e 17 anos, apenas a vacina da Pfizer está disponível, mas especialistas da FDA recomendaram nesta terça-feira (14) que a vacina Moderna também seja autorizada para a partir de 6 anos.
As crianças são menos vulneráveis à Covid-19, mas podem pegar e transmitir a doença. Tal como os adultos, podem sofrer de sintomas a longo prazo (Covid longa). Em casos raros, também podem desenvolver quadros graves de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica.